quarta-feira, 22 de setembro de 2010

PORQUE SOMOS CONTRA O ESTALEIRO? SIMPLES, ELE ACABA COM A VIDA...

LEIA E REPASSE ESSAS INFORMAÇÕES, A NATUREZA AGRADECE E AS COMUNIDADES TRADICIONAIS DE FLORIPA TAMBÉM!



LEMBRE-SE: PRESERVAR SEMPRE, PELA VIDA!

UFSC discute riscos de instalação de ESTALEIRO da OSX em BIGUAÇU

PARTICIPE, FAÇA A SUA PARTE COMO CIDADÃO DE FLORIANÓPOLIS!
CHAME SEUS VIZINHOS, ENTRE NESSA DISCUSSÃO, É FUTURO DA SUA CIDADE QUE ESTÁ EM JOGO!
SE PRESENCIAS UM CRIME E NÃO DENUNCIA, VOCÊ FAZ PARTE DESSE CRIME, AINDA QUE INDIRETAMENTE, NÃO AO ESTALEIRO EM BIGUAÇU, EM DEFESA DAS NOSSAS BAÍAS, DA MARICULTURA, DA PESCA ARTESANAL, DO TURISMO E DAS NOSSAS BELEZAS NATURAIS QUE TANTO ATRAEM TURISTAS DO MUNDO INTEIRO, NÃO PERMITA QUE MAIS ESSA LOUCURA ACONTEÇA EM SANTA CATARINA!

PELO AMOR A TODA A NATUREZA, A QUAL SOMOS TOTALMENTE DEPENDENTES, EMBORA ESQUEÇAMOS DISSO!
PRESERVAR SEMPRE, PELA VIDA!

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Pesquisadores revelam uso inapropriado do conhecimento científico em Estudos de Impacto Ambiental no litoral de Santa Catarina

A necessidade de investimentos e re-estruturação do setor portuário brasileiro é um discurso político eminente entre os candidatos à presidência da República. De fato, as notícias e sensações que circulam é que o Brasil emergente está crescendo e buscando aumentar a sua liderança no cenário econômico e geopolítico mundial.

Não somente a descoberta e previsão de exploração das reservas de óleo do Pré-Sal estimulam os investimentos no setor, mas muitos outros commodities como os biocombustíveis e produtos da agricultura extensiva, parecem não encontrar o espaço e estrutura necessária na complicada agenda dos principais portos brasileiros.

Nos últimos dois anos, inúmeros projetos foram submetidos ao processo de licenciamento ambiental em Santa Catarina. Dentre eles, especial destaque a pelo menos dois empreendimentos que estão trazendo à tona temas e discussões ao mesmo tempo importantes e preocupantes: o Porto ‘Terminal Marítimo Mar Azul’ na Baía da Babitonga, em São Francisco do Sul e o ‘OSX Estaleiro’, em Biguaçu - grande Florianópolis.

A área proposta para o OSX Estaleiro, por exemplo, é de destacada relevância socioambiental, com enorme potencial para o desenvolvimento do turismo ecológico e cultural e ampla incidência da pesca artesanal, além de estar nas imediações de três Unidades de Conservação Federais.

Estes dois projetos possuem algumas semelhanças, como alertam pesquisadores e ambientalistas de Santa Catarina e da Rede Meros do Brasil. Ambos trazem penosos e conflituosos processos de licenciamento ambiental que revelam uma abordagem oportunista de desenvolvimento do setor portuário, sem um macroplanejamento estratégico em nível nacional e com muito descaso pelo contexto local. À parte da grande repercussão e controvérsia socioeconômica e política, há outro perigoso precedente comum nestes projetos: análises de viabilidade ambiental negligentes, tendenciosas e de baixa e preocupante qualidade técnica. Vale lembrar que no Brasil, o processo de licenciamento ambiental é obrigatório por lei para o setor portuário, e deve ser preparado por profissionais competentes e empresas especializadas em consultoria ambiental, que são escolhidas e contratadas pelos próprios empreendedores para a preparação dos chamados Estudos de Impacto Ambiental (EIA).

Em Santa Catarina, poucas são as empresas de consultoria ambiental que oferecem serviços altamente qualificados e comprometidos com o desenvolvimento ordenado e justo, levando em consideração aspectos sociais, a comunidade do entorno e a real preservação da biodiversidade local.
As empresas de consultoria ambiental responsáveis pelos dois projetos em Santa Catarina vêm sendo alvo de pesadas críticas por estarem envolvidas no uso inapropriado do conhecimento científico para embasar Estudos de Impacto Ambiental. Para denunciar este abuso foram produzidos dois pareceres independentes elaborados por 18 pesquisadores de diversas universidades e organizações não governamentais brasileiras que revelam os pontos conflituosos do relatório.

“Estes exemplos são verdadeiros escândalos do ponto de vista científico, e refletem um problema maior nos processos de licenciamento ambiental brasileiro que é o vínculo indiscriminado entre empresas de consultoria ambiental, universidades e empreendedores”, destaca o biólogo, Doutor em Ecologia e coordenador técnico da Rede Meros do Brasil, Mauricio Hostim-Silva.

O parecer alerta que as empresas de consultoria ambiental vêm negligenciando ou lidando de maneira superficial com o tema da bioinvasão marinha, impactos sobre espécies ameaçadas e Unidades de Conservação (UC) Marinhas Federais, e os efeitos perversos dos empreendimentos sobre as comunidades de pescadores artesanais. “Além disso, as empresas sequer consideram, ou então desmerecem, os estudos que vêm sendo realizados há muitos anos por pesquisadores das universidades da região”, comenta o biólogo da Associação de Estudos Costeiros e Marinhos (ECOMAR), Fabiano Grecco de Carvalho.

Outra questão complicada é que o mega-estaleiro OSX está sendo idealizado nas imediações da Reserva biológica Marinha do Arvoredo, que é fundamental para a conservação de espécies com importância ecológica e econômica para a região e ficaria extremamente vulnerável aos impactos do tráfego intenso de navios em seu entorno, que são potenciais vetores de espécies exóticas, explica o Oceanógrafo Doutor em Ecologia, Athila Bertoncini, também um dos autores do documento independente. “Nesta região são encontradas as últimas populações de espécies marinhas tropicais”, destaca o biólogo Sergio Floeter, professor da Universidade Federal de Santa Catarina e Doutor em Ciências Ambientais.

O oceanógrafo, Mestre em Conservação Leopoldo Cavaleri Gerhardinger, observa que em função da baixa competência técnica das empresas em algumas áreas, elas acabam sub-contratando profissionais inexperientes, pouco compromissados com a região, até mesmo de universidades estrangeiras, que muitas vezes usam tendenciosamente o seu conhecimento científico de maneira favorável à análise de viabilidade ambiental. Com pesar, o oceanógrafo desabafou recentemente em uma ‘carta aberta’ amplamente veiculada pela internet1, sua indignação com a conduta de colegas de profissão. “Estão, na verdade, engajados em um discurso puramente desenvolvimentista disfarçado sob o rótulo de desenvolvimento sustentável”, frisa.

As reivindicações e estudos também orientam para maior participação das comunidades litorâneas nos processos de licenciamento ambiental. A oceanógrafa, mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente Maira Borgonha avalia a recorrência assustadora do saber científico e da urgência política empregada em prejuízo das comunidades locais. “Nossos pareceres mostram que as pessoas têm sua vida, história e identidade intimamente ligadas e dependentes de um oceano saudável, mas os EIAs não estão considerando o amplo conhecimento das comunidades pesqueiras sobre as áreas de trabalho nem procurando envolvê-los no processo de maneira satisfatória”, desabafa.

Neste sentido, é importante a divulgação destas inconsistências a fim de dar atenção ao processo e a conseqüente preservação ambiental. Os pesquisadores avaliam que é preciso maior controle e acompanhamento do Estado e de seus diversos Ministérios com mandato sobre a área marinha. “Os órgãos ambientais estaduais não atuam em processos transparentes e costumam estar sujeitos à vontade política favorável ao crescimento econômico imediatista à todo custo”, completa Carlos Eduardo Leite Ferreira, Doutor em Ecologia, docente da Universidade Federal Fluminense e também co-autor das análises independentes.
Os pareceres foram oficialmente protocolados no Instituto Chico Mendes de Conservação da Natureza (ICMBio), FATMA (órgão ambiental estadual de Santa Catarina) e Ministério Público Federal e Estadual, e estão sendo analisados por estes órgãos. Os questionamentos de ambos ainda não foram respondidos pelas empresas de consultoria.

Os pareceres podem ser baixados no website da Rede Meros do Brasil - www.merosdobrasil.org
Mais informações sobre os pareceres independentes produzidos pelo grupo de pesquisadores podem ser obtidos com o biólogo: 
Fabiano Grecco de Carvalho – fabianogreccodecarvalho@gmail.com /47- 96271504
Assessoria de Imprensa Rede Meros do Brasil:
Katarini Miguel – k-miguel@uol.com.br

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

AJIN diz NÃO ao ESTALEIRO OSX*












Durante a noite desta terça-feira, 31/08, aconteceu uma assembléia extraordinária na Associação de Proprietários e Moradores de Jurerê Internacional, onde a proposta da reunião era esclarecer dúvidas sobre o tema ESTALEIRO e por em votação aos moradores de Jurerê Internacional se eles seriam contra ou a favor a instalação do estaleiro da empresa OSX em Biguaçu.


Por unanimidade dos cerca de 200 presentes, foi definido o posicionamento da AJIN sendo CONTRA O ESTALEIRO OSX em BIGUAÇU!

Na ocasião foram convidados quatro técnicos na área para exporem seus pareceres sobre o empreendimento. São eles: Prof. Msc. Luiz Henrique Fragoas Pimenta, geógrafo e professor do Laboratório de Geologia e Mineralogia da Udesc; Prof. Dr. Sergio R. Floeter, biólogo marinho e professor do departamento de ecologia e zoologia da UFSC; Prof.ª Dr. Bárbara Segal, bióloga e professora do departamento de ecologia e zoologia da UFSC e Fabiano de Carvalho Grecco, biólogo, mestrando em ecologia e conservação, e membro da Associação de Estudos Costeiros e Marinhos – ECOMAR.

Ambos apresentaram diversos riscos ambientais e sociais do empreendimento, como:

  • Deficiência de dados e de incoerências no Estudo de Impacto Ambiental apresentado pela OSX à Fatma.

  • Sobre os riscos de impactos ainda maiores como a expansão urbana desordenada. “A expansão litorânea, traz uma série de riscos e conseqüências ambientais e sociais a médio e longo prazo.”, afirmou Luiz Pimenta. Dentro dessa visão, questiona sobre que tipo de desenvolvimento está se propondo e qual desenvolvimento queremos.
  • “É subestimar os impactos ambientais e sociais quando se analisa apenas os impactos diretos e regionais do estaleiro”.

  • Prof. Sérgio apresentou um documento elaborado e assinado por mais de dez técnicos de universidades, com o título “Parecer independente sobre o EIA da OSX Estaleiro-SC, Ictofauna marinha e espécies invasoras”. Nesse documento ele aponta uma série de erros e de omissões no EIA. Como a omissão de nomes de espécies já descritas de peixes da região da Baía Norte, a presença de nomes de espécies de peixes de água doce no EIA e o déficit do documento em apresentar informações mais sérias e profundas quanto ao possível impacto nas três unidades de conservação. Ele alerta também sobre o risco e a grande probabilidade de desaparecimento de muitas espécies de peixe endêmicas, que só existem naquela região.

  • Profª. Barbara fala sobre o risco de contaminação biológica que tem grande probabilidade de acontecer em empreendimentos como esse, onde navios trafegam de um oceano a outro, trazendo espécies de uma região para outra incrustadas em seus lastros. Onde muitas dessas espécies são invasoras, e acabam matando espécies da fauna nativa.

  • Fabiano faz uma pequena fala levantando o número de pescadores na região de Biguaçu, que é de 440 pescadores e em Governador Celso Ramos que possui mais de 2000 pescadores. Faz o questionamento: "Vale a pena ariscar o emprego e a renda de mais de 2440 pessoas, isso sem falar na maricultura e no turismo, em prol de apenas 4 mil empregos?".

  • Na sequência, os moradores se manifestarem e debaterem o tema. Confira algumas das falas apresentadas durante a reunião:

    • “O Estaleiro é como um cavalo de tróia.”

    • “O estaleiro é a atividade industrial, sem dúvida, mais poluente do mundo”.
      • “Quem gosta de comer ostra? Se for instalado o estaleiro, pode esquecer!”

      • Para tentar fazer com que as embarcações não tragam essa crosta com organismos vivos, se utiliza uma tinta anti-crustante que mata as sementes de ostras e moluscos.

      • “A maricultura movimenta, jogando o número pra baixo, 30 mil empregos. Qual o lugar do mundo que se tem uma fazenda de ostras junto com um estaleiro? Isso é um crime contra a hotelaria e o setor turístico da Ilha.” Este estaleiro não gera emprego e renda e sim acaba com o emprego e a renda de mais de 30 mil famílias, envolvidas com a maricultura, direta e indiretamente.

      • “Isso é um assalto, enquanto o governo deveria nos defender, ele vai contra o próprio povo. Não entendo como é que ainda estamos discutindo um assunto desses, esse assunto não deveria ser nem sequer discutido, é óbvio e claro que é um risco irreversível e portando nem deveria estar sendo proposto esse estaleiro no local que está se propondo."
        • “Fomos chamados para decidir se queremos ou não esse empreendimento, enquanto nem sequer se tem um estudo técnico definido sobre os impactos desse empreendimento! Há uma inversão dos processos!”

        • “Até hoje não existe nenhum parecer técnico isento que ateste a viabilidade do empreendimento.”

        • “A OSX é estrupadora da Baía Norte.”

        • A região metropolitana deveria estar sendo analisada como um todo, pois o que acontece em um bairro, vem a impactar o outro, direta ou indiretamente.

        • Riscos para Jurerê Internacional: podem perder a bandeira azul, perdem a qualidade de vida, têm seus imóveis desvalorizados...

        • “Não quero apenas dizer não ao estaleiro, quero dizer que sou a favor de cada um entrar com uma ação no Ministério Publico contra esse empreendimento.”

        • Na votação todos os moradores e proprietários de Jurerê Internacional presentes, exceto um morador, se levantaram se manifestando e votando em posição contrária a instalação do estaleiro em Biguaçu.


















          Família mobilizada contra a instalação do estaleiro.
          *Texto e fotos: Flora Neves, jornalista e ambientalista.

          OX*, O BOI QUE NÃO É DE MAMÃO, EM: MINHA SAGA HERÓICA PARA AMEALHAR FORTUNA

          NO CASSINO GLOBAL - Filho da mais nobre estirpe lusitana a serviço da última ditadura militar, o pródigo filho ox herdou uma biblioteca geológica que lhe indicou onde garimpar tesouros, ainda que não em cofres, mas subterrâneos. Com alguns papéis, leia-se concessões de mineração, procurou sócios ávidos por fazer grandes fortunas a partir do “nada”, talvez inspirado em Bill Gates e outros exemplos da modernidade pós-industrial. Investimentos de “alto risco” viram investimento de “baixo risco” quando governos lhes dão sólidas garantias e créditos generosos. Assim, nosso filho pródigo iniciou sua epopéia rumo ao estrelato empresarial: informações estratégicas; papéis garantidos; apoios políticos; muitos, muitos advogados e um ingrediente tão básico quanto os anteriores - capitais voláteis (como fundos de pensão privados e estatais perseguindo outra nobre saga que é garantir sustento às viúvas do primeiro mundo) na busca de pouso seguro para converter-se em “investimentos de baixo risco” e render-lhes fruto$. Tarefa básica cumprida, o pródigo ox anuncia seus fantásticos projetos com hiper-estardalhaço pirotécnico, nada mais nada menos que super-portos, mega-estruturas, hiper-minas, super-serviços, megas, megas e outros megas... O delírio percorre as mais recônditas e obscuras salas de executivos do mundo todo. Alvoroço na banca e no poder, especialmente na capital federal, palco privilegiado da saga de ox.

          NOME SEDUTOR - O nome comercial “EBX” carrega traços de sofisticação pós-modesnista, design marketeiro que o aproXima do seu personagem inspirador – o OX da Bolsa de Nova Iorque. Não por acaso, o espécime touro representa com sua postura agressiva, os mais secreto$ desejo$ dos especuladores em todo mundo, machos mui viris, unanimidade no cassino global. Para açucarar sua arquitetura empresarial, além de oportunos investimentos/promessa em etanol, outros setores levariam a marca d’água “X” do nosso afável ox, como as OSX, MMX, OGX, LLX, dentre outras porventura desconhecidas. Nunca antes “nesse país” se viu um império empresarial ser erguido verticalmente de forma completa e num passe de mágica, coisa jamais sonhada por um Henry Ford – da mineração, à energia, à logística, aos serviços navais, à banca, de baixo pra cima, de cima pra baixo. Não é pouca coisa nesses dias de feroz competitividade nos mercados globais. Para alguns, mão invisível do “livre mercado”.

          A MAGIA DA INEVITABILIDADE - O que é perfeitamente evitável, diante da traquinagem capitalista se torna “inevitável”. Não há, portanto, como deter, segundo essa macabra lógica, os “saudáveis investimentos” que vêm em nosso socorro. Sob o mot do “desenvolvimento sustentável” e entoando o samba de uma nota só em trazer o “progresso” para nossa pobre gente, um circo providencial se arma para apresentar resoluta e ilimitada solidariedade ao esvoaçante capital a procura de pouso seguro, cuja expressão material e “humana” é nosso admirável ox. Começa uma chantagem de mão dupla: saio do Estado se não me derem apoio. De outra parte, se não apóias nossas campanhas, não faremos coro a teu projeto. Acordo selado, ox vai em frente.

          O MELHOR MOMENTO É AGORA - Um cardume de puxa-sacos, de oportunistas, de lambe-lambes, de aliciadores, de intermediadores, de despachantes, se unem num piscar de olhos em torno de um intere$$e comum. Mas o que apregoam em comum: trazer, enfim, o admirável mundo novo - redenção para nossa gente. Embora todo “milagre” que apregoam possa ser feito de outras formas, a magia da inevitabilidade não permite as pessoas romperem os grilhões mentais que as prendem ao surrado discurso de ox, ainda que diante de tantas advertências, exemplos de sucessivos desastres no mundo todo, e até bem aqui perto de seus narizes. O capitalismo cassino se reproduz com uma sofisticada arquitetura de poder que combina em sua matriz de dominação um sem número de vetores objetivos e subjetivos. De um lado muita propina e generosas contribuições. De outro lado, discursos inflamados acenando promessas e garantias materiais e intangíveis. Difícil saber o que conta mais: a grana que azeita a engrenagem ou a mímica que oblitera a visão e enferruja as mentes. Ambas, caminham lado a lado em meio ao descontraído rebolation de campanha que já vem sendo tramada a tempo. A Prefeitura de Biguaçu-city, por exemplo, em insuspeito ato de bravura, alterou o zoneamento urbano na região especificamente para acomodar o estaleiro, anteriormente destinada à habitação. Por aqui tivemos a “moeda verde”, lá surgira uma “moeda azul”?

          PRADARIA COM GPS - Fenômeno por ser ainda melhor estudado “nesse país” é verificar como a grande maioria dos parlamentares (não meus, por pressuposto), assim como autoridades executivas (e do judiciário também) portam-se diante de pomposos projetos empresariais como o pretendido por ox. O executivo (no poder executivo, digo) vira uma espécie de facilitador, ou dificultador, dependendo do afago insinuado. O parlamentar vira despachante do empresário para ajeitar as coisas junto ao executivo, seu “canal” privilegiado. E ambos procuram um juiz para convencê-lo que a lei pode ser interpretada de outra forma que não aquela como foi anteriormente. É o samba do criolo doido no qual a distorção de função é o lugar comum, tão comum quanto as disfunções e distorções que se constata na máquina pública, marca do nosso imexível Estado pré-capitalista vivendo na era do hiper-capitalismo global. O “sistema GPS” ajuda nosso ox a se achar na pradaria.

          SELEÇÃO DE EFICIENTES DESPACHANTES - Em ato de nobre bravura e eivada de autêntico nacionalismo e espírito público, uma famosa senadora “pede a cabeça” do superintendente do ICMBio porque ele supostamente não teria participado de uma reunião e não explicou sua ausência a ela e ao capitão do time. Ato continuo, o time de despachantes empresariais tramita o processo para Brasília, sítio abençoado onde se concentram os “grão-despachantes” do país. Estes têm um chefe maior, que não apenas despacha sobre questões de Estado, mas articula mirabolantes acertos para a iniciativa privada. Foram as bênçãos e garantias institucionais dadas por Lula ao Primeiro-Ministro português, José Sócrates, que permitiram as negociações para que a Portugal Telecom (PT) vendesse para a Telefónica espanhola a participação na Vivo e virasse sócia da "supertele" Oi, conforme noticiado por toda grande mídia nacional e internacional no dia 29 de julho. Esse time, por outro lado, também toma iniciativas inusitadas, como a que articulou a criação de uma Comissão Mista Permanente sobre Mudanças Climáticas no Congresso (a casa dos “300 picaretas”, lembram?), da qual nossa astuta senadora é Presidenta (da tal comissão). Não parece estranho alguém zelar pela diminuição dos gases do efeito estufa e ao mesmo tempo zelar pelos interesses da indústria petrolífera e seus associadoX, cuja evolução vai na contramarcha do que se espera de todos os países do planeta em franco aquecimento? A indústria petrolífera é tão massivamente apoiada pelo atual governo que até mesmo a CEF (amável caixinha da nossa vida e da nossa casa) emprestou mais dinheiro no ano passado, pasmem, à voluptuosa petrobráX do que emprestou para obras de saneamento básico, notícia igualmente veiculada na grande mídia nos últimos dias. Toda essa trama deságua no mesmo emissário – o “desenvolvimento sustentável”, jargão propalado aos quatro ventos pelo empresariado, governo, mídia, o time de despachantes, e seus aliados de sempre.

          MAQUIAGEM VERDE - O que é “indústria pesada”, vira na linguagem “apropriadamente verde” uma montadora de equipamentos off shore e correlatos, “modo chomskyano” de maquiagem lingüística para enganar a todos com mentiras, falácias, especulações, falsas expectativas e outras ferramentas próprias dos “think tanks” arregimentados para produzir a onda de apoio às empreitadas do paper-capital intensivo. Enquanto o Brasil exporta milhões de toneladas de minério e aço, ao mesmo tempo importa chapas de aço da China e da Coréia para construir navios aqui. Porque seria diferente em Biguaçu-city? Barcaças trazendo aço de onde? Aço que cruzou o mundo, arribou em porto próximo e novamente embarcou em uma “modesta barcaça”. Tremendamente energívora, esta indústria pesada compromete a demanda energética de toda a região metropolitana, fator que invoca a necessidade de mais geração energética, seja de gás, seja hídrica. Rombo inexorável no cofre estatal que deixará de investir em outras coisas como saúde, educação, etc, etc..., aparentemente secundárias, pois, afinal, o que conta hoje é um “bom emprego”. Pergunta oportuna: porque cargas de navio os estaleiros nacionais não constroem para companhias de navegação mercante que não a petrobráX, já que o país gasta R$ 6bi por ano em frete contratado a companhias do exterior? É dinheiro que não nos falta?

          BUGUI BUGUI LE LE LE - Coisa adjeta é constatar como o time de despachantes empresariais trata o povo - de bobo, massa submissa de imbecis, bando de iletrados, incapaz de analisar os papéis dos atores em cena, dos prós e contras do projeto, das implicações sócio-ecológicas e, ainda por cima, desmemoriado. Chega às raias da humilhação assistir aos apelos de alguns despachantes mais entusiasmados e os representantes do grupo empresarial ofertando pirulitos sociais – creches, escolas, delegacias de polícia, etc, etc... As tais “compensações ambientais” não têm limites em fantasia. Plantar monocultura de pinus na serra ou bancar projetos sociais em comunidades carentes equivale a abrir uma freeway submarina na baía norte? Tal cálculo seria inspirado em algum “critério técnico”? Quando não há mais explicação razoável para contrapor a argumentos ecológicos, invariavelmente apelam para o tecno-lero-lero, forma de desqualificar os atores sociais e políticos presentes no processo de avaliação, e refúgio de pseudo-cientistas aprisionados por contracheques. Há algo, porém, que é certo e inevitável, coisa que este time conhece muito bem: logo mais algumas ONGs da “inevitabilidade” tentarão tirar uma lasquinha nas verbas destinadas a projetos sócio-ambientais, troco miúdo que grupos desse porte leiloam a rodo para massagear a opinião pública a seu favor, nada que compromete seus obesos lucros. Fecha-se o círculo vicioso da admirável saga percorrida pelo nosso poderoso “ox”, herói do nosso tempo.

          A SAÍDA ELEGANTE - A forma como empreendimentos dessa natureza tem saído de cena no Brasil são dignos de filmes de pós-apocalipse holivudiano: terra arrasada; populações miseráveis largadas à própria sorte; imensurável coleção de destroços, ruínas e um mar de passivos tóxicos, ingredientes de cenários comuns por todos os cantos. Muitos anos mais tarde, talvez, depois que esses “passivos” já foram amalgamados pelo tempo, áreas contaminadas viram áreas de lazer nas periferias (embora normalmente ainda tóxicas), a custa de vultosos investimentos do poder público. Como sempre, lucro privatizado, custo socializado. Afinal, você também não é sócio de alguma empresa X ? Bastaria que algum poço em águas marítimas explodisse para suspender parte das vultosas encomendas da “nossa” eco-petrobráx, e imediatamente os investimentos programados para a construção da frota de petroleiros tomariam outro rumo. O risco de retorno do investimento o capitalista joga sobre as costas da população e do Estado, ambos tomados como reféns da chantagem sócio-econômica que só tem um único ganhador garantido – ele próprio. Terminada a saga, nosso ox saiu-se vencedor.

          Já vi esse filme muitas vezes e não quero ver de novo. FORA OSX !!!!

          Eco-amplexos convexos e impertinentes, alemão Gert Schinke

          *BOI em inglês – lê-se “oks”. A palavra inglesa não porta a letra “s” de saciar, sacrílego, sagaz, sacripanta.